Para além da questão psicoativa: o uso ritual da jurema e suas múltiplas mediações

Autor/innen

DOI:

https://doi.org/10.18764/1983-2850v17n50.2024.18

Schlagworte:

jurema, psicoativo, mediações, encantados

Abstract

A literatura acadêmica costuma descrever o uso ritual da jurema como uma prática realizada na região Nordeste do Brasil, tanto por comunidades indígenas quanto pelas religiões de matriz africana. Ademais, alguns estudiosos, ao definir a jurema como um vegetal cuja ingestão estimula sensações terapêuticas ou de êxtase, analisam as relações estabelecidas entre este vegetal e seus usuários colocando a dimensão psicoativa como uma condição a priori. Com base em pesquisas mais recentes bem como nas evidências empíricas de um estudo de caso, o presente artigo pretende ampliar as análises tradicionalmente propostas, mostrando que a jurema compreende um cosmos construído por múltiplas mediações entre tipos de plantas, formas de comunicação com encantados e, em alguns contextos, espécies animais.

Downloads

Keine Nutzungsdaten vorhanden.

Autor/innen-Biografie

Marcus Vinícius Barreto, Universidade Federal da Bahia

Doutor em Antropologia Social pela USP. Professor Substituto do Departamento de Antropologia da UFBA, Salvador/Bahia, Brasil.

Literaturhinweise

ANDRADE, Mário de. Música de feitiçaria no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1983.

ANTUNES, Henrique Fernandes. Droga, religião e cultura: um mapeamento da controvérsia pública sobre o uso da ayahuasca no Brasil. Dissertação de Mestrado, São Paulo, USP, 2012.

ASSUNÇÃO, Luiz Carvalho de. O reino dos encantados, caminhos. Tradição e religiosidade no sertão nordestino. Tese de doutorado, São Paulo, PUC-SP, 1999.

BASTIDE, Roger. Imagens do nordeste místico em branco e preto. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1945.

BRANDÃO, Maria do Carmo; RIOS, Luís Felipe. O Catimbó-jurema do Recife. In: PRANDI, Reginaldo (org.). Encantaria brasileira: o livro dos Mestres, Caboclos e Encantados. Rio de Janeiro: Pallas Editora, 2004, pp. 169-181.

CAMARGO, Maria Thereza Lemos. Jurema (Mimosa hostilis Benth) e sua relação com os transes nos sistemas de crenças afro-brasileiras. In: MOTA, Clarice Novaes da Mota; ALBUQUERQUE, Ulysses Paulino. As muitas faces da jurema: da espécie botânica à divindade afro-indígena. Recife: Bagaço, 2002.

CARVALHO, Marcus J. M. de. Liberdade – rotinas e rupturas do escravismo no Recife 1822-1850. Recife: UFPE, 2010.

CASCUDO, Luís da Câmara. Meleagro. Rio de Janeiro: Agir, 1978.

FERNANDES, Gonçalves, Xangôs do nordeste: investigações sobre os cultos negro-fetichistas do Recife, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1937

FIORE, Maurício. Uso de “drogas”: controvérsias médicas e debate público. Campinas: Mercado de Letras, 2006.

FREIRE, Glaucia. Das “feitiçarias” que os padres se valem: circularidades culturais entre indígenas tarairú e missionários na Paraíba setecentista. Dissertação de Mestrado, Campina Grande, UFCG, 2013.

GOULART, Sandra Lúcia. Contrastes e continuidades em uma tradição amazônica: as religiões da ayahuasca. Tese de Doutorado, São Paulo, UNICAMP, 2004.

GRÜNEWALD, Rodrigo de Azeredo (org.). Toré: regime encantado do índio do Nordeste. Recife: Massangana, 2005.

. Toré e Jurema: emblemas indígenas no nordeste do Brasil. In: Cien. Cult., Vol. 60, n. 4, São Paulo, out. 2008.

LABATE, Beatriz Caiuby. A reinvenção do uso da ayahuasca nos centros urbanos. Dissertação de Mestrado, São Paulo, UNICAMP, 2000.

LIMA, Osvaldo Gonçalves de. Observações sobre o “vinho da jurema” utilizado pelos índios Pancararú de Tacaratú. Recife: Imprensa Oficial, 1946.

L’Odò, Alexandre L’Omi. Juremologia: uma busca etnográfica para sistematização de princípios da cosmovisão da Jurema Sagrada. Dissertação de Mestrado, Recife, Unicap, 2017.

MACRAE, Edward. A elaboração das políticas públicas brasileiras em relação ao uso da ayahuasca. In: LABATE, Beatriz Caiuby (org.). Drogas e cultura: novas perspectivas. Salvador: EDUFBA, 2008.

MEDEIROS, Guilherme. O uso ritual da Jurema entre os indígenas do Brasil colonial e as dinâmicas das fronteiras territoriais do nordeste no século XVIII. In: Congresso Internacional Las sociedades fronterizas del Mediterráneo al Atlántico (ss. XVI-XVIII). Madrid: Casa de Vélazquez, 18 a 20 de setembro de 2006.

MOTA, Clarice Novaes da Mota. Os filhos da jurema na floresta dos espíritos: ritual e cura entre dois grupos indígenas do nordeste brasileiro. Maceió: Edufal, 2007.

MOTA, Clarice Novaes da Mota; ALBUQUERQUE, Ulysses Paulino. As muitas faces da jurema: da espécie botânica à divindade afro-indígena. Recife: Bagaço, 2002.

MOTTA, Roberto. A Jurema do Recife: religião indo-afro-brasileira em contexto urbano. In: LABATE, Beatriz Caiuby; GOULART, Sandra Lúcia (org.). O uso ritual das plantas de poder. Campinas: Mercado das Letras, 2005.

NASCIMENTO, Marco Tromboni de S. O tronco da jurema: ritual e etnicidade entre os povos indígenas do Nordeste – O caso Kiriri. Dissertação de Mestrado, Salvador, UFBA, 1994.

OLIVEIRA, Carlos Estevão de. O ossuário da gruta do padre em Itaparica e algumas notícias sobre remanescentes indígenas do nordeste. In: Boletim do Museu Nacional, XIV- XV (1938-41), Rio de Janeiro, 1943, pp. 150-210.

OLIVEIRA, João Pacheco de (org.). A viagem de volta: etnicidade política e reelaboração no Nordeste indígena. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2004.

PINTO, Estevão. Os Fulniô de Águas Belas. In: Anias do XXXI Congresso Internacionald e Americanistas. V. I., 1955, pp. 181-194.

PINTO, Clécia Moreira Pinto. Saravá jurema sagrada: as várias faces de um culto mediúnico. Dissertação de Mestrado, Recife, UFPE, 1995.

REESINK, Edwin. Índio ou caboclo: notas sobre a identidade étnica dos índios do nordeste. In: Universitas, Salvador (32): 121-137, jan./abr. 1983.

RODRIGUES, Michelle Gonçalves. Da invisibilidade à visibilidade da Jurema: a religião como potencialidade política. Tese de Doutorado, Recife, UFPE, 2014.

ROSA, Laila. As juremeiras da nação xambá (Olinda-PE). Músicas, performances, representações de feminino e relações de gênero na jurema sagrada. Tese de Doutorado. Salvador, UFBA, 2009.

SALLES, Sandro Guimarães de. À sombra da Jurema: a tradição dos Mestres juremeiros na Umbanda de Alhandra. Rev. Anthropológicas. n.15. Recife: UFPE, 2004.

SANTIAGO, Idalina Maria Freitas Lima. A Jurema sagrada da Paraíba. Rev. Qualit@s. n. 1, 2008.

VANDEZANDE, René. Catimbó: pesquisa exploratória sobre uma forma nordestina de religião mediúnica. Dissertação de Mestrado, Recife, UFPE, 1975.

WAGLEY, Charles. Xamanismo tapiraré. In: Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, Antropologia, nº 3, 1943.

Veröffentlicht

2024-09-27

Zitationsvorschlag

BARRETO, Marcus Vinícius.
Para além da questão psicoativa: o uso ritual da jurema e suas múltiplas mediações
. Revista Brasileira de História das Religiões, v. 17, n. 50, p. 1–15, 27 Sep. 2024 Disponível em: http://519267.outdoorhk.tech/index.php/rbhr/article/view/23646. Acesso em: 2 dez. 2024.