HOMENS EM SITUAÇÃO DE RUA NA MÍDIA: noções de masculinidade em disputa
DOI:
https://doi.org/10.18764/2236-4358v14n43.2024.35Palavras-chave:
Gênero, Masculinidades, Homens em Situação de Rua, MídiaResumo
O artigo em questão analisa modos de subjetivação que se articulam na atualidade, destacando interferências de aparatos tecnológicos (em destaque o discurso jornalístico) no cotidiano da população e na produção de perspectivas de gênero. Problematiza-se, mais especificamente, maneiras como enunciados midiáticos operam na produção de determinadas noções de masculinidades interseccionadas a homens em situação de rua (HSR) no Brasil. A metodologia empregada nesta pesquisa foi de cunho documental. As masculinidades são concebidas como produtos das relações de poder, influenciadas por fatores históricos, étnicos, raciais, geracionais, socioeconômicos e desejos individuais. No contexto brasileiro, as masculinidades hegemônicas, representadas por figuras como empresários, políticos e militares, muitas vezes são reforçadas depreciando outras expressões de masculinidades, como a dos HSR, associando-os a estigmas negativos, reforçando assim sua própria posição de superioridade na hierarquia de gênero. Por fim, destaca-se que a construção da masculinidade hegemônica frequentemente envolve a marginalização de outras identidades masculinas.
Downloads
Referências
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Pólen Livros, 2019.
ÁVILA, Janaína. Moradores de rua e falta de empregos preocupam os londrinenses. Folha de Londrina, 16 de dezembro de 2021. Disponível em: https://www.folhadelondrina.com.br/economia/moradores-de-rua-e-falta-de-empregos-preocupam-os-londrinenses-3147312e.html.
BRASIL. Rua: aprendendo a contar: pesquisa nacional sobre a população em situação de rua. Brasília, DF: Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação, 2009.
BRASIL. População em Situação de Rua: São Paulo: Censo 2021. São Paulo, SP: Prefeitura Municipal de São Paulo: Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social [SMADS], 2021.
BRASIL. Estatísticas eleitorais. Tribunal Superior Eleitoral, 23 de abril de 2022. Disponível em: https://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleitorais.
BRASIL. Conhecer para lutar: cartilha para formação política. Disponível em: https://direito.mppr.mp.br/arquivos/File/MNPR_Cartilha_Direitos_Conhecer_para_lutar.pdf. (s.d.).
BUTLER, Judith. Corpos que importam: os limites discursivos do sexo. 1. ed. São Paulo: n-1 edições, 2019a.
BUTLER, Judith. Vida precária: os poderes do luto e da violência. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2019b.
CASSAL, Milena; FERNANDES, Talita. A população negra em situação de rua e a Covid-19: vidas negras importam? Tessituras: Revista de Antropologia e Arqueologia, 8(1), 97-104, 2020.
CONNELL, R. Masculinidades, colonialidade e neoliberalismo. Ssex Bbox, 7 de julho de 2016b. Disponível em: https://www.ssexbbox.com/2016/07/masculinidades-colonialidade-e-neoliberalismo-entrevista-com-raewyn-connel/.
CONNELL, R. Gênero em termos reais. São Paulo: nVersos, 2016a.
CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges. História da Virilidade: a Virilidade em Crise? O Século XX e XXI. Vol. 3. Rio de Janeiro: Vozes, 2013b.
DE LAURETIS, Teresa. A tecnologia de gênero. In: H. B. de Hollanda (Org.), Pensamento feminista: conceitos fundamentais. 1. ed. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 121-155.
DE PAULA, Hermes Cândido. et al. Sem isolamento: etnografia de pessoas em situação de rua na pandemia de COVID-19. Revista Brasileira de Enfermagem, 73(2), 1-8, 2020.
DELEUZE, Gilles. Conversações. São Paulo: Editora 34, 1992.
Empresário é preso após amarrar morador de rua em carro e arrastá-lo até a morte em São Luís. Folha de São Paulo, 28 de outubro de 2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/10/empresario-e-preso-apos-amarrar-morador-de-rua-em-carro-e-arrasta-lo-ate-a-morte-em-sao-luis.shtml.
FOUCAULT, Michel. A vida dos homens infames. In: ______. Estratégia, poder-saber. Ditos e escritos IV. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. p. 203-222.
FOUCAULT, Michel. Arqueologia do Saber. 7. ed. (L. Neves, Trad.) Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade 1: a vontade de saber. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz&Terra, 2019.
Gato e rato na cracolândia. Folha de São Paulo, 23 de março de 2022. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2022/03/gato-e-rato-na-cracolandia.shtml.
GOMES, Bruno Ramos.; ADORNO, Rubens de Camargo Ferreira. Tornar-se “noia”: trajetória e sofrimento social nos “usos de crack” no centro de São Paulo. Etnográfica: Revista do Centro em Rede de Investigação em Antropologia, 15(3), 569-586, 2011.
HONORATO, Bruno Eduardo Freitas.; OLIVEIRA, Ana Carolina S. População em situação de rua e COVID-19. Revista de Administração Pública, 54(4), 1064-1078, 2020.
KIMMEL, Michael S. A produção simultânea de masculinidades hegemônicas e subalternas. Horizontes antropológicos, 4(9), 103-117, 1998.
LIMA, Alexandre Bonetti. Os sentidos na mídia: o MST em dois jornais diários. Psicologia & Sociedade, 18, 97-103, 2006.
MANSANO, Sônia Regina V. Sorria, você está sendo controlado: resistência e poder na sociedade de controle. São Paulo: Summus, 2009.
MARCONI, Pedro. Pesquisa mostra que Londrina tem quase mil moradores de rua. Folha de Londrina, 19 de maio de 2019. Disponível em: https://www.folhadelondrina.com.br/cidades/pesquisa-mostra-que-londrina-tem-quase-mil-moradores-de-rua-2938939e.html.
MARCONI, Pedro. Movimento reclama de ‘descaso’ com moradores de rua na pandemia. Folha de Londrina, 15 de dezembro de 2020. Disponível em: https://www.folhadelondrina.com.br/cidades/movimento-reclama-de-descaso-com-moradores-de-rua-na-pandemia-3040529e.html.
MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. São Paulo: n-1, 2018.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. 7. ed. São Paulo: n-1, 2020.
MENDES, Kissila T.; CHAGAS, Denicy P.; PENNA, Lúcia H. G. Saúde, cidadania, drogas e situação de rua: reflexões e caminhos para novas concepções. In: Igor Rodrigues; Dmitri C. Fernandes (Orgs.), Cidadãos em situação de rua: dossiê Brasil – grandes cidades. Curitiba: CRV, 2020. p. 71-90.
MEYER, Dagmar E. Gênero e educação: teoria e política. In: G. L. Louro;
FELIPE, J. Felipe; GOELLNER, Silvana V. (Orgs.), Corpo, gênero e sexualidade. 9. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2013.
MIANI, Rozinaldo A.; ROCHA, Marco A; LANZA, Fábio. Relatório Final Pesquisa POP RUA Londrina - 2018. Relatório de Pesquisa, 2018.
MIGNOLO, Walter. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 32(94), 1-18, 2017.
MISKOLCI, Richard. Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
MOUILLAUD, Maurice. Da forma ao sentido. In: S. D. Porto; M. Mouillaud (Orgs.), O jornal: da forma ao sentido. Brasília: Editora da UnB, 2002a.
MOUILLAUD, Maurice. A crítica do acontecimento ou o fato em questão. In: S. D. Porto; M. Mouillaud (Orgs.), O jornal: da forma ao sentido. Brasília: Editora da UnB, 2002b.
PALHARES, Isabela.; ZYLBERKAN, Mariana. População de moradores de rua cresce 31% em São Paulo na pandemia. Folha de São Paulo, 24 de janeiro de 2022. Disponível em: https://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2018/Outubro/presidente-do-tse-anuncia-eleicao-de-jair-bolsonaro-para-presidente-da-republica.
PELBAART, Peter Paul. A vertigem por um fio, políticas da subjetividade contemporânea. São Paulo: Iluminuras, 2000.
PETROCILO, Carlos. ‘As pessoas me olham de um jeito que parece que sou o vírus’, diz morador de rua. Folha de São Paulo, 2 de abril de 2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/04/as-pessoas-me-olham-de-um-jeito-que-parece-que-sou-o-virus-diz-morador-de-rua.shtml.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade, Poder, globalização e Democracia. Novos Rumos, Marília, v. 17, n. 37, p. 1-25, 2002.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad y modernidad/racionalidad. Perú indígena, v. 13, n. 29, p. 11-20, 1992.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. Buenos Aires: Clasco-Consejo Latinoamericano de Ciências Sociales, 2005.
RANGEL, Etuany M. R.; MONTEIRO, Bianca G. D. S. M.; DE MORAES, Luciana P. “Porque eu sou é homem!”: uma análise dos impactos da construção social da masculinidade no cuidado com a saúde. Interfaces Científicas-Humanas e Sociais, 6(2), 243-252, 2017.
Relatório do CNS e CNDH denuncia o descaso do governo federal com as pessoas em situação de rua na pandemia. Conselho Nacional de Saúde, 2 de dezembro de 2021. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/2228-relatorio-do-cns-e-cndh-denuncia-o-descaso-do-governo-federal-com-as-pessoas-em-situacao-de-rua-na-pandemia#:~:text=Segundo%20mat%C3%A9ria%20publicada%20pela%20Fiocruz,indica%20que%20o%20n%C3%BAmero%20aumentou.
RESTIER, Henrique. O duelo viril: confrontos entre masculinidades no Brasil mestiço. In: H. Restier; R. M. de Souza (Orgs.), Diálogos Contemporâneos Sobre Homens Negros e Masculinidades. São Paulo: Ciclo Contínuo Editorial, 2019.
RODRIGUES, Igor S.; FERNANDES, Dmitri C. Cidadãos em situação de rua: dossiê Brasil - grandes cidades. Curitiba: CRV, 2020.
RODRIGUES, Igor S. et al. A gênese social da situação de rua no Brasil. In: I. S. Rodrigues; D. C. Fernandes (Orgs.), Cidadãos em situação de rua: dossiê Brasil - grandes cidades. Curitiba: CRV, 2020. p. 23-46.
RODRIGUES, José Carlos. O tabu do corpo. Rio de Janeiro: Achiamé, 1975.
SEVERINO, Antonio J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
SILVA, Fábio Mariano da. Políticas de morte para corpos sem lei: travestis e homens e mulheres transexuais da invisibilidade da vida ao descaso na morte. Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP, Brasil, 2019.
SPINK, Mary Jane. Análise de documentos de domínio público. In: Spink, Mary Jane. (Org.), Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. São Paulo: Editora Cortez, 2013. p. 100-126.
TREVISAN, João Silvério. Seis balas num buraco só: a crise do masculino. 2. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2021.
ZYLBERKAN, Mariana. Praça princesa Isabel, em SP, foi de cartão-postal militar a símbolo de miséria. Folha de São Paulo, 23 de março de 2022. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/03/praca-princesa-isabel-em-sp-foi-de-cartao-postal-militar-a-simbolo-de-miseria.shtml?origin=folha.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Húmus
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
